Bloggista: setembro 2009

Ouve-se os discursos da noite, e como sempre, fica-se com a sensação que quem perdeu foi quem ficou em primeiro.

Quando se pensava que o PSD não poderia descer mais que com Santana, eis que consegue uma estrondosa subida de 0,4%! 6500 votos! O que distribuindo proporcionalmente os novos eleitores - meio milhão - até corresponde a uma descida. Para muitos foi melhor abster-se que votar na Manuela. Pagou caro a pior campanha que alguma vez vi no burgo. Seria fácil mobilizar descontentamos com um discurso coerente e simples e aproveitar a embalagem das europeias. Mas não. Optou por andar ao sabor do vento dos desvaneios jornalísticos, até que a bomba lhe rebentou nas mãos. Mais. O autismo de afastar das listas a oposição interna fomentou a desmobilização, e ainda lhe trouxe como sobremesa uma reportagem na Sábado.

Paulo Portas desta vez não apostou nos 10% e desta vez saiu o "10%". Os novos lugares vão permitir-lhe ter peso activo nas decisões parlamentares. Mas se quer deixar de ser pequeno, terá que moldar o estilo. Isto é o máximo que o CDS dá. Mais voto ao PSD dificilmente conseguirá roubar e ficou longe dos 14% de Lucas Pires nos anos 80, quando a dicotomia esquerda-direita marcava mais as escolhas.

O BE teve uma amarga subida. Quando houve sondagens que chegaram aos 16%, 9,9% é um murro no estômago. O não passar a barreira psicológica dos dois dígitos e as particularidades do método de Hondt, diminuem consideravelmente o seu papel, face às expectativas criadas. Pode ser bom. Assim fogem à tentação de formar governo com o PS e desaparecer mais rápido que o PRD. E se perderem os tiques “anti-fascistas”, talvez um dia tenham a oportunidade deles.

O PCP (ou o seu look eleitoral, CDU) ganhou. Ganha sempre! Acredito que só assumam a derrota quando tiverem votos negativos, e mesmo assim… Festejaram por uns pozinhos mais, quando deviam constatar que quando a esquerda não vota massivamente no PS também não vota neles. Substituam a foice e o martelo por uma ceifeira e um Black n’ Decker e talvez possam evitar o definhar.

Afinal o PS lá resistiu à sangria. Um líder, que sobreviveu à mais vil campanha vexatória que há memória, está de parabéns.

Ele foi o Freeport, mesmo que baseado numa gravação de um duvidoso indivíduo que ninguém sabe quem é, aparecendo a dizer que deu dinheiro ao Sócrates. Podia ter dito que deu-me a mim, a ti, ou ao Papa – valia o mesmo. Acredita quem quer acreditar. E de nada serve que um primo com a mania que é shaolin tenha confessado ao Expresso que criou um mail com nome do “Socras”, usando abusivamente o seu nome para benefício próprio. Não importa. É fogueira com ele!!

É o fim do pasquim-de-sexta da TVI e claro, como se não tivesse mesmo mais nada para fazer a culpa, é do Governo. Faz-me lembrar um filme dos Monty Pythons: um julgamento de bruxaria, dissesse o que dissesse a acusada, era prova que era bruxa. Lá era comédia. Aqui é política.

Aliás a culpa é sempre do Governo. Mesmo que haja chuva, haja seca ou haja uma crise internacional daquelas que só se repetem uma vez em cada 80 anos. Não importa que até as contas em 2008 apresentassem um défice abaixo dos 3%. É notícia para aparecer sem destaque num quadradinho na última página do Expresso. E se antigamente éramos o primeiro a entrar em crise e o último a sair; se até tínhamos crises quando os outros estavam a crescer, não chega. Nunca chega!

E o Nixon? O ex-presidente americano não é nada comparando com o nosso PM. Um escutava a oposição, este escuta logo o titular do mais alto cargo da nação. Como se sabe? Foi um passarinho de sussurrou a um director de um jornal. E como sempre por cá, é fogueira com ele!!!!!! Por acaso a verdade veio ao de cima antes da hora…

Educação? Nahh! É um atentado aos srs. Professores. Isso de ser avaliado é para alunos. São muitas folhas. São agora poucas. São professores de outra área. São porque são da mesma área mas da escola ao lado. Está tudo mal não é? Sobretudo as quotas. Antes era muito bom para todos, progressões a cada 5 anos, poucas horas de aulas que os putos fazem dor de cabeça, muitas férias porque têm-se que preparar muitas aulas. E agora querem acabar com isto. É uma pouca vergonha!

A verdade é que ontem o povo português mostrou que nem se deixa conduzir pela maledicência nem anda democraticamente asfixiado.