Yes We Can... not chegar à Lua.

. terça-feira, fevereiro 02, 2010
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Quando o Homem ia à Lua eu nem projecto era. Sempre sonhei um dia ver com os meus próprios olhos esse momento. Durante os anos da Guerra Fria era uma questão de dois ou três anos. Esperei e nada. Depois da queda do Muro, os outrora inimigos iriam juntos. Meia dúzia de anos, vá uma década e estávamos lá. E depois Marte, que era já ali ao lado. Não tardaria e encontraríamos novos amigos, Spocks verdadeiros. Esperei, esperei e nada. E enquanto esperava, lá ia alimentando a minha imaginação com muita ficção cientifica, com muitos documentários, com revistas, até com palestras e telescópios. Mas nada. A humanidade ia uns quantos kms acima, punha para lá umas tralhas, e dava umas voltas ao planeta.

Um dia algures em 2004, o presidente Bush (filho) apresentou o projecto Constellation (Constelação), que consistia em traços gerais, financiar a NASA no desenvolvimento dos foguetões Ares I e V e na cápsula Orion, substituindo os obsoletos, perigosos e dispendiosos Space Shuttles e apontar para o regresso da Humanidade ao seu satélite em 2020 e a Marte lá para meados do século. Se me portasse bem e deixasse de fumar, era capar de assistir pelo menos à primeira viagem.

Porra pensei eu, se gajos com tecnologia 100 vezes menos potente que o telemóvel que tenho no bolso lá chegaram há 35 anos, ir lá daqui a uns 15 anos tornar-se-ia numa brincadeira de criança.

E assim mantive a esperança que no meu tempo de vida iria ter o privilégio de assistir a isso tudo.

Só que pelos vistos não devemos estar ainda tontos de dar voltas e voltas e mais voltas ao planeta. Em 2012 terão passado 40 anos em que a única coisa verdadeiramente emocionante na exploração espacial é dar voltas em gravidade zero ao planeta. Está bem que as sondas, os rovers e afins são emocionantes, mas bolas, ver não é o mesmo de tocar. Eu também gosto de ver pornografia, mas o verdadeiro prazer vem de participar...

A proposta de orçamento para 2011 do presidente Obama aponta para o fim deste projecto, mandando um hipotético regresso à Lua para as calendas. Talvez para a geração dos meus netos ou dos meus bisnetos.

Aqui joga a razão contra a emoção. Bem sei que o deficit é monstruoso, a economia está a sair do caos e que não são tempos para investir nessas aventuras. Mas a emoção é forte. E dou por mim a tentar desenvolver e justificar teorias económicas mais ou menos discutíveis. A perguntar se investimento num sonho também não pode estimular a economia. Não pode gerar mais empregos directa e indirectamente, não pode apontar um objectivo que nos faça mover e fomentar o desenvolvimento. De certa forma foi o que Kennedy fez. Mas ok, eram outros tempos.

Yes We Can... sonhar, mas tenho que me contentar por ficarmos com os pés literalmente assentes no chão.

Restam-me duas efémeras esperanças. Que nas próximas horas seja esclarecido que o fim do Constelação e o dirigir de verbas para projectos privados já em curso como vem orçamentado, ainda deixe em aberto a possibilidade dessa epopeia. Ou que os Chineses de passem da marmita e que decidam ir por conta própria.

3,5% de Mário Crespo, por favor...

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aqui postei o que penso sobre Mário Crespo. Já falei sobre a suas opiniões e pelos vistos vou aqui me repetir.

O ilustre jornalista ficou perturbado com um diz que disse que lhe chegou aos ouvidos. Que Sócrates lhe teria chamado de "louco" e que deveria "ir para o manicómio". Que Sócrates teria dito que era "um problema" que teria de ter uma "solução". A fonte da informação, em segunda ou terceira mão, deve perfilar-se pelos vistos como uma apurada e fidedigna técnica de apuramento da verdade.

E isso deixou-me preocupado.

Para além de todos os seus defeitos; sempre esmiuçados por Mário Crespo, ao longo de meses e meses de apresentação do seu Jornal das 9 e dos seus artigos semanais no JN em que por retórica apurada, figuras de estilo e outras semânticas, lá vai introduzindo uma imagem de incompetência (e por aí acima) sobre os membros do Governo, a começar pelo seu cabecilha; o Primeiro Ministro para além de não saber que não se deve sentir incomodado com esses comentários nem ter o direito de o revelar numa conversa privada entre amigos, também não compreende o conceito de share televisivo.

Só assim Sócrates se pode sentir ameaçado pela influência do jornalista e do seu nível de popularidade. O apresentador de um canal que atingiu um estrondoso share de 3,5% no mês anterior (dados da própria SIC), que concorre à mesma hora com uma infinidade de novelas, que é dirigido a um público mais esclarecido, logo menos vulnerável a política de vão de escada, é mesmo um homem que lhe pode tirar votos. Logo o Zé tem de arranjar maneira de o calar. É imperativo correr com ele. Se calhar é melhor fazer pressão para ver se ele vai parar ao Jornal Nacional ou qualquer outro de horário nobre nos canais generalistas.